Todos os seres vivos estão dentro de seu avatar
Ou: todos vivem em submarinos
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Em submarinos?
Sim, dentro de cascas, membranas ou peles, mergulhados em água, solo, ou ar.
Uso avatar para distinguir do termo “corpo”, que é o conjunto de cascas, membranas, peles e tudo o que contêm, desde os primitivos seres unicelulares a nós que, pretensiosamente, arrogantemente, nos classificamos, como Homo Sapiens… Sapiens.
Mas para eles chegarem a ser o que vemos hoje, deixando de lado quando apareceu vida no planeta, há 3,5 bilhões de anos atrás, vamos começar examinando o aparecimento de bactérias e protozoários que possuem apenas uma célula e estão dentro de uma membrana, e é responsável por todas as funções do espécime, cuja única preocupação é em se alimentar e se replicar, em geral não necessitando de qualquer coordenação ou cooperação com outras células da sua espécie para sobreviverem.
Se os seres unicelulares se mostram tão bem adaptados, por que se juntarem em massas celulares especializadas?”[1] Sim, tinham que encontrar outros para se multiplicarem.
E como encontravam outros? Primeiro por acaso, depois desenvolveram flagelos[1] — ajudando na captura de nutrientes e na locomoção. O movimento dos flagelos provocava vibrações que eram sentidas pelos demais e se dirigiam para um parceiro para iniciar a reprodução.
Mas o desenvolvimento de um órgão que reagisse á luz levou milhões de anos.
Não há evidência de que organismos primitivos unicelulares reagissem ao estímulo de ondas de luz.
Mas, no Período Cambriano a partir de 545 milhões de anos surgiram os braquiópodes [2] que exibiam estranhas manchas negras em cada lado da parte frontal de seus corpos e suas larvas estudadas, quando tinham quatro dias de vida, exibiam estranhas manchas negras em cada lado da parte frontal de seus corpos. Após serem dissecadas por Carsten Luter, biólogo do Museu de História Natural de Berlim e colegas descobriu-se que essas manchas representavam pares de neurônios — para capturar luz e outro contendo pigmento. Em seguida, o pesquisador Passamaneck, em pós-doutorado na Universidade do Havaí Yale — junto a sua equipe, verificou que se tratava de fotorreceptores cujos genes estavam completamente ativos 36 horas após a fertilização; projetou um foco de luminosidade em cada lado de uma lâmina com embriões para verificar se os embriões estavam usando a luz de alguma forma. O embrião do braquiópode é coberto por minúsculos pelos pulsantes, que usam para nadar em um padrão em espiral. O pesquisador descobriu que, após 20 minutos, o dobro de embriões havia passado para o lado iluminado da lâmina. Sugeriu-se então que tais células conseguem detectar a direção da luz e usar essa informação para mudar o ritmo e direção de seus pelos.
Cientistas da Universidade de Lund, na Suécia, mostraram, em 1994, que os componentes óticos básicos do olho podem ter evoluído facilmente em até 1 milhão de anos; mas, o olho só chegou a ter todas as características que hoje nos permitem ver o mundo com a perfeição e maravilha de que disfrutamos hoje, entre 195.000 e 160.000 anos atrás.
Quanto à reprodução destes seres primitivos: ela pode ser assexuada (como ocorre com as bactérias) ou sexuada (que é o caso de certos protozoários).
Além disso, os organismos unicelulares podem ser procariontes ou eucariontes.
Nos procariontes (bactérias e arqueas[2]), o material genético não está contido em um núcleo, mas se encontra disperso no citoplasma.
Já nos eucariontes (todos os outros organismos), é possível notar a presença de um núcleo delimitado por membrana nuclear (carioteca) que abriga o DNA”.
Todos os organismos vivos, vegetais, algumas espécies de fungos, de algas, todos os animais (portanto o Homo Sapiens, Sapiens) são construídos por muitas partes de organismos multicelulares com centenas de milhões, até bilhões de núcleos.
Tudo bem, mas o que nasceu primeiro? O ovo ou a galinha? digo o DNA ou os primitivos seres unicelulares? Será que no caso dos galináceos está explicado?
1 — “O ovo veio primeiro. As galinhas, assim como todas as aves são descendentes dos répteis. Ou seja, répteis muito antigos e que nem existem mais, foram se reproduzindo e geraram diferentes filhotes que se reproduziram e geraram filhotes mais diferentes ainda. Dessa forma, depois de milhões de anos, eles originaram as diferentes aves, sendo a galinha uma delas.
*Fontes: “Structural Control of Crystal Nuclei by an Eggshell Protein” de Colin L. Freeman, John H. Harding, David Quigley e P. Mark Rodger, universidades de Sheffield e Warwick, Inglaterra (2010).
E outra:
2 — “A galinha (Gallus gallus domesticus) evoluiu de uma espécie selvagem há cerca de 50 milhões de anos. Em algum momento, um ancestral da galinha “domesticada” colocou um ovo contendo um embrião com características genéticas diferentes dos seus parentes. Após ficar adulto, este embrião, então, colocou um ovo como o que temos hoje. Segundo essa teoria, a galinha veio primeiro.
Se, por acaso, um cientista da teoria da evolução das espécies, um geneticista ler este texto, terá resposta sobre o que nasceu primeiro? o DNA ou os primitivos seres unicelulares?
Segundo a primeira hipótese do Ovo e a Galinha, foi o DNA; já a segunda especula que foram os seres unicelulares, e esta não faz sentido: como poderia um ser unicelular produzir uma coisa que já estava em seu interior?
Para que são usados?
Todos e qualquer um,
1. Primordialmente para manter a vida, e
2. Para crescer e se multiplicar
Como não há dois avatares iguais, o usam para serem reconhecidos, alardear seus dotes e carreiras, conhecer seus semelhantes e seu entorno, se esconder e evitar confrontos e perigos.
Alguns animais: camaleões, sapos, rãs, polvos, lulas, vários insetos e outros lagartos, mudam a cor da pele para caçar ou se proteger.[3]
Os que não sabem mudar a cor da pele, se revestem de cascas, membranas ou capas que determinam sua espécie e natureza; os humanos trocam suas capas muitas vezes, ao dia e à noite.
Trocam de capas, por vaidade, por gostarem da beleza dos modelos de capas que outros avatares usam conforme época ou estação, por necessidade de conforto ao frio, ao sol ao lugar em que estejam, em suas casas, na rua, e por necessidades profissionais.
Trocam penteado, perucas, chapéus, pintam o rosto, mudam ou raspam barba e bigode, mudam todo revestimento do corpo, escondem seu núcleo (seu EU, ou o que seja), até para si mesmos e acreditam no que acham que são.
Às vezes é difícil reconhecer quem é o avatar, por tanto que mudam de capa às suas conveniências, idade…
Avatares feios sem uma capa, como este, que podem ser até repugnantes,
torna-se aceitável, até elegante, com uma capa
Em minha postagem no Medium ‘A linguagem e a roupa’ — https://medium.com/@blogflaviomusa/a-linguagem-e-a-roupa-12683cbb744 — procurei mostrar que a descoberta do uso de revestimentos foi a chave para a criação da fala em linguagem organizada, da civilização, da sociedade, arte, ciências, a tudo que nossos avatares hoje podem fazer e de que desfrutar.
Usados por quem?
Não há uma linha definida sobre quem usa quem; se os ‘núcleos’ os usam ou por eles são usados. Há zonas cinzentas e/ou sobrepostas em que os papéis se invertem.
Os núcleos se acham os reis da cocada preta, que mandam em tudo. Mandam que leiam, ouçam, vejam, cheirem o que acham de seu interesse, que estudem, adquiram mais e mais experiência e cultura, que se movam para irem para onde querem ir, andem, aprendam a andar de patinete, bicicleta, dirigir veículos, a entrar em veículos públicos para serem transportados para um destino, um local de encontro, uma reunião, um cinema, teatro, restaurante, bar, a uma montanha ou a uma praia.
Seus avatares precisam de ar, água, comida; os núcleos os obedecem, os levam para ares menos poluídos, deixam de fazer o que queriam, e o levam a tomar água, desistem do trajeto original e vão colher comida, matar animais para comer, vão aos mercados e supermercados; em encontros, reuniões, cinemas, teatros, restaurantes, bares, nas montanhas ou praias, os avatares os obrigam a fazer xixi, cocô, tomar um líquido, comer alguma coisa. Se os núcleos gostam de uma comida e comem mais do que os avatares precisam, comem comida estragada, núcleos param para deixá-los vomitar, ir para um hospital, impedidos de fazerem o que queriam ou desejavam.
Se chove ou o sol é intenso, a situação se inverte de novo; seus avatares os protegem com capas, guarda-chuvas ou sombrinhas; sol intenso na praia e o núcleo não tomou cuidado? Mais inversão, o avatar queimado requer cuidado, exige tratamento, não consegue dormir direito, o núcleo fica à sua mercê.
E lá vou eu, consciente de que não sou meu avatar, mas de que dele me sirvo: vejo, falo, toco, sinto, abraço, beijo, sinto e faço sexo com avatares que amo ou pelos quais me apaixono, tenho prazer imenso, o faço comer comidas de que gosto, beber sucos, bebidas alcoólicas, senti-lo inebriado a ficar tonto ou bêbado. E dele sou escravo.
E onde estou EU?
Em outro texto meu “Não!Não foi a maçã” https://blogflaviomusa.medium.com/n%C3%A3o-foi-uma-ma%C3%A7%C3%A3-4e47b054726d ,
eu já buscava uma resposta para esta pergunta; até hoje não encontrei resposta satisfatória.
O que veio primeiro?
EU ou ele?
Seu avatar, que me vê, me conhece, me ama ou é meu amor, tem uma resposta?
Que sou louco?
Não creio; meu avatar tem ótima saúde, é alegre, feliz, simpático, gosta de avatares, ama e é amado, adora sua vida.
[2] https://www.biologianet.com/biodiversidade/arqueas-arqueobacterias.htm
[3] https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-o-camaleao-consegue-mudar-de-cor