Nem tudo que reluz é ouro
E coroa velha não falha
Estavam se encontrando há meses.
Ela, três e meia da tarde de dia de calor, de vestido tomara-que-caia vermelho com boás amarelas, saia rodada pouco abaixo dos joelhos, sandália amarela, estava perto dele, camisa azul claro, jeans e sapa tênis, que conversava com duas senhoras à porta de uma galeria.
Se encantou com sua figura, sua educação, suas respostas sobre coisas que nem entendia, respostas espirituosas que levavam ao riso das duas, riu também mesmo que não entendesse porque riam, sentiu algo mais.
Ele se virou para ela (seria mais uma presa?), sorrindo agradeceu por rir, perguntou,
─ Você trabalha na galeria?
─ Não, vim comprar aquela estatueta, e apontou.
─ Realmente é uma peça linda.
As duas senhoras não imaginavam que uma mocinha tivesse tanto bom-gosto e tanto dinheiro; despediram-se deixando os dois a sós.
─ Você já pagou, ou quer entrar para pagar?
─ Já paguei e vão entregar em casa. Gostei de seu papo; vamos tomar um refresco ou um café na cafeteria ao lado?
Ele fez que sim com a mão fechada e dedão para cima. Afinal, era uma moça linda.
Ele puxou a cadeira para ela na mesinha da passarela, ela pediu um café, ele também. Tirou a caixa de couro.
─ Se importa que eu fume? Não! Me dê um, esqueci o meu no carro.
Acenderam os cigarros, uma baforada boa,
─ Você trabalha em quê?,
Chegam os cafés, ela levanta a xícara e brinda,
─ Ao nosso encontro! Ela brinda
─ Ao meu encontro com você.
─ Sou professor de História, meu nome é Apólo, e o seu?
─ Tália.
─ É a musa da festividade e da comédia?
─ Kkkkk! Não sei se sou uma Musa, mas adoro festas e bagunça.
─ Você é uma Musa linda. Deve ser Érato.
─ De mitologia eu entendo; meus pais resolveram dar nomes de entidades gregas aos filhos, se tivessem um homem, é possível que você tivesse um xará. E você também está carregado de erotismo, de feromônios que me chegaram à distância.
─ Você é casado?
─ Mais ou menos.
─ Perfeito!
─ Você está com seu carro? Pergunta Tália.
─ Sim é aquele Land Rover prata ali. E aponta.
─ O meu é o Lamborghini amarelo dois além do seu. Quer ir ver minha casa?
Outra vez mão fechada dedão para cima.
Então me siga.
Uáu! É um lindo palacete!
Tália dá três buzinadas curtas, o guarda sai da guarita, abre o portão passam os dois carros, estacionam ao lado da escada.
Manfred, o mordomo, abre a porta,
Sobem a escada, seguindo-a, atravessa, o hall, uma sala com uma porta para a esquerda, outra para a direita, ela abre esta porta, atravessa os 10 metros de largura uma sala de mais de 20 de comprimento, toda coberta por um tapete que ele identifica ser um Persa Isfahan [1] (com este tamanho, deve ter custado 30 milhões ou mais!, avalia), da qual ela abre a porta da direita, passa por uma porta fechada de uns três metros, ela vira à esquerda, cruza a sala de refeições, sobe a escada até o segundo pavimento, no hall abre a porta em frente, o chama, entram.
Ele segura suas mãos estendidas, a puxa para si.
Boca de lábios pintados de roxo, junta-a à dele abraçando-o pela nuca; ele desce, devagar seu vestido, enquanto ela, com cuidado desabotoa sua camisa…
Acordaram às dez da noite.
─ Apolo, você faz sexo mais e melhor que garotos de 30! É todo apolíneo!
─ É por você! Nunca, em minha longa experiência, tive um sexo tão delicioso que com qualquer outra mulher.
Foram tomar banho juntos, se vestiram com as mesmas roupas,
─ É mais que horas da janta; vamos descer.
─ Mãe, este é o Apolo, professor de História.
─ Muito prazer! Pelo corpo, o nome lhe é próprio: apolíneo. Diz Esmeralda.
─ Muito prazer! Seu nome também lhe faz jus: uma joia de mulher.
Jantaram na copa; Euterpe já estava dormindo.
Tália o levou até seu Land Rover, um beijo de corpos colados,
─ Quero te ver de novo. Onde o encontro?
─ Pode me esperar em minha sala na faculdade de história e letras da universidade, à uma; Em geral atendo a algum aluno, uma e dez certamente estarei lá.
─ Mais outra noitada? Mais uma mulher? Você é um sátiro indomável, priápico. Diz Armenia.
─Vá tomar banho e venha para cama, saciar a mim também.
Quatro meses se encontrando, em casa de Tália, ela o pegando próximo à sua casa sem que Armênia os visse, em passeios, hotéis, bares e restaurantes, faziam sexo sem que ele precisasse usar camisinha: seu obstetra trocava o DIU anualmente.
Conversavam bastante, ele ouvindo suas histórias, suas opiniões sobre a vida, acontecimentos, música popular, política; se admirou como entendia, e bem, de finanças.
Ele, comentando o que ela dizia, respondendo à sua curiosidade em história, ciências, contando estórias.
Cidade grande, mas logo Armênia soube e se assustou. Anova conquista de Apolo era perigosa.
Uma segunda-feira, seis da tarde, na sala de estar, tendo voltado de um hotel,
─ Quero me casar com você.
Apolo levou três segundos para dizer,
─ Eu também.
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Neste átimo de tempo soube que queria viver aquela vida com Tália, com sua alegria, maluquices, com as histórias que contava, estórias que inventava, histórias e estórias que ele também contaria quando ela envelhecesse, até que ele morresse.
Escapulidas para sexo eventual? Se viessem a acontecer, não importariam para ele ou ela; o que sentiam um pelo outro era amor, enfeitado por paixão.
Armênia? No divórcio deixaria para ela casa, carro e grande soma; ainda era viçosa e gostosa. Logo arranjaria namorado, se casaria de novo. Podia também ir vê-la, transar com ela…
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─ Mãããnheee!
Esmeralda vem do home-theater,
─ Estamos noivos! Vamos nos casar.
─ Mas que alegria! Que felicidade!
─ Apolo, você nem imagina o que eu e Sampaio agradecemos a Deus por ter encontrado esta travessa e irrefreada namoradeira sem jamais ter pensado em se casar!
Euterpe chega do teatro, entra cantando,
─ Mana! Apolo e eu vamos nos casar!
─ Não acredito! É verdade?
─ Sim! Os dois falaram quase ao mesmo tempo.
─ É difícil que Tália tenha criado juízo, mas você é um doido.
─ Não sei se criei juízo, ele é doido sim! Doido por mim.
─ Sabendo o que você é, queria ter encontrado este apolo primeiro.
Euterpe traz uma garrafa de champanhe gelado e quatro taças
─ Vamos fazer uma festa de noivado! E Esmeralda foi ao escritório fazer a lista,
─ Um brinde ao homem que vai ver o que é viver com Tália!
Até Tália riu e bridou. Euterpe levou uma taça para a mãe.
─ Copiei a lista da festa de Ano Novo, cortei os que não souberam se comportar; já enviei mensagens a todos, convidando para o jantar, na próxima quinta-feira, às sete e meia; alta primavera, estação própria, tudo florido, tempo bom.
Apolo pensou: Para gente rica qualquer dia da semana serve para jantares e festas; menos fins de semana e feriadões, pois vão para suas fazendas ou, quando lhes dá na telha, dar um pulinho a Nova Iorque, Miami, Buenos Aires, Bali… Gente normal pode marcar também sábado e domingo; pobres? Só sexta e sábado, domingo têm que dormir cedo, segunda é dia de batente.
De manhã, depois do desjejum, Tália levou Apolo até perto de sua casa; ele agora queria que seu carro ficasse na mansão.
Foi saciar Armênia.
− Você não vai para a Faculdade?
− Só à tarde, vou almoçar com você, ajudo você a aumentar os pratos.
− ?? Bom, mas que estranho. Pensou ela.
Conversa como as que há muito não tinham, ele disse que quinta-feira da próxima semana tinha que comparecer a um jantar da Maçonaria,
− Você virou maçom?
Apolo riu,
− Não! Mas fui convidado; vou ver o que é e depois te conto.
Tália e ele continuaram nos encontros e passeios, variavam, iam até outras cidades. Apolo aproveitava para perguntar quem ia às festas que sua mãe inventava e promovia.
Ficou calado; não gostou do que ouvira.
− Que houve?
− Fiquei pensando como me vestir; tenho um smoking e um blazer, preciso mandar lavar,
− Besteira! Amanhã vamos comprar um blazer novo, atual, camisa, gravata, abotoaduras e sapato novo. Quero meu noivo lindo de arrasar. E você vai comigo para me ajudar a comprar um vestido de arraso também.
− Você é uma doidinha adorável.
O tamanho de Apolo dificultou a escolha.
Tália adorou um blazer de jaqueta prata-borgonha, com lantejoulas discretas em ouro e azul, lapelas estreitas pretas longas, até o botão dourado pouco acima do umbigo, calças rosa-pálido com delicadas listas verticais azuis.
− É escandaloso demais!
− É lindo, diferente, mas no estilo da moda. Você vai ver o que os homens usarão: não destoará no conjunto; só será o mais lindo.
Tália perguntou a Ambrósio se tinha estes tecidos.
− Sim, exatamente deste que fiz para ajustar em homens de um metro e sessenta a um de oitenta.
− Então, por favor, tire as medidas de meu noivo,
Apolo não gostou do jeito como ela estava lhe impondo isto. Com lábios apertados, sobrancelhas ao alto viradas para baixo, cara de quem comeu e não gostou, Paciência, pensou, é coisa que vai passar. Tê-la a seu lado valia alguns sacrifícios.
Ambrósio notou.
− A senhorita vai se casar?
− Pois é Ambrósio, já era tempo.
− E eu não quero que outro homem compre esse; se não puder usar o pano para outra peça, eu o compro.
− Do que eu não tenha como usar, incluo o valor na compra.
O resto da indumentária havia de seu tamanho: camisa branca de seda, lisa com pequenos botões pretos, gravata borboleta com o mesmo pano da jaqueta; sapatos pretos, Prada.
Se Apolo puder vir fazer a prova no sábado pela manhã, tudo estará pronto terça-feira às cinco da tarde.
No Ateliê da Clarissa,
− Jô, Cadê Clarissa?
− É coisa especial, que eu a precise chamar?
− Claro, quero um vestido de noiva.
− VOCÊ? Se casar??
− Sim, e este é meu futuro marido, Apolo.
− Parabéns, Apolo! Pensei que ninguém levasse Tália tanto. Disse rindo.
− Péraí, vou chamar Clarissa.
Clarissa chega,
− Jô disse que você vai se casar Apolo; muito prazer e parabéns.
− E não me dá parabéns?
− Sim, parabéns por finalmente se casar, Apolo tem mesmo uma figura apolínea, e é mais velho que você; sinal de que você amadureceu, se cansou da solteirice maluca. Disse rindo; Apolo e Jô, riram também.
− Pois saibam que ele é um moço levado, apolíneo em tudo. Levantou o indicador.
Clarissa e Jô ficaram vermelhas; Apolo não viu, não entendeu porque enrubesceram.
− Melhor eu lhe mostrar fotos para você escolher o modelo.
− Só a cor é bonita. Horrível.
− Bonito! Gostei, mas não com esta saia longa: não dá para dançar. Com saia mais curta servirá.
− Vejamos mais,
− Lindo! Talvez use coisa assim no casamento.
Uau! É este! E quero uma sandália igual; você sabe onde posso encontrar?
− Se Laurent não tiver, ele faz uma para você.
− É tudo lindo e combinando! Essa Bündchen é sensacional! Quem é o costureiro?
− Versace.
− Todos vão se lembrar; que pena!
− Posso mudar um pouco, Em vez da gargantilha um tomara que caia, os dois braços nus; claro que vai usar brincos e bolsa diferentes. Pode dizer que foi inspirado no de Giselle. Se você não emagreceu muito trabalhando tanto, já tenho seus moldes; não preciso tirar suas medidas de novo.
− Pode usar os moldes, nos alimentamos bem.
− Pode vir sábado para a prova?
− Pode ser à tarde?
− Antes de uma, pode ser.
− Me empresta esta revista? Quero mostrar para Laurent.
− Melhor: vou tirar uma foto dos pés da Bündchen e mandar para seu e-mail.
Tirou, enviou, Tália recebeu, viu que estava certa.
Beijins, beijins. Até mais.
Sábado, primeiro foram ao alfaiate. Ambrósio vestiu a prova em Apolo, Tália bateu palmas,
− Está lindo!
Blazer e calça precisaram de poucos alfinetes, em mínimos detalhes.
− Eu disse que estaria pronto terça à tarde, mas podem vir buscar terça às 10.
No Atelier, Clarissa e Jô a vestiram,
− Você ficou maravilhosa neste vestido! Aplaude Apolo.
Clarissa a rodando pra aqui, rodando pra lá, passando giz e alfinetes em alguns pontos, Tália se olhava, encantada,
− Meninas, que trabalho incrível!
− Concordo, Apolo: fico maravilhosa mesmo nele.
Clarissa deu a prova por terminada,
− Quase certo estará pronto terça-feira à tarde; mas ligo para você confirmando.
No Laurent Atelié,
− Tália! Está mais linda de quando veio pegar a sandália Stella McCartney. Aqui você deu passos como modelo; não caiu no baile?
− Que nada! Dancei pácas e sem band-aid no calcanhar, Disse rindo.
Se estivesse com ela agora, ficaria quase à altura de Apolo.
Desculpe, não o apresentei. Apolo é o meu noivo.
Laurent lamentou que Tália fosse se casar com homem tão mais velho que ela, e a mesma coisa: espanto de Laurent (neste caso duplo, por ela se decidir a se casar, e pela diferença de idades), explicações…
− E− Enchanté. monsieur. Paulo, et félicitations! Épouser cette belle dame intelligente et joyeuse est ce que tous les hommes considéreraient comme un cadeau de Dieu [1].
[1] Encantado (por conhecê-lo) Sr. Paulo. Parabéns! Se casar com essa senhorita linda, inteligente e alegre é o que todos os homens considerariam um presente de Deus.
− Enchanté, et merci bien monsieur Laurent.
Apolo lhe deu seu cartão que Laurent examinou com atenção; deu o seu particular para ele.
Leu: Laurent Antoine Simon Capet Valoisfoi mestre sapateiro e guarda revolucionário de Luís XVII no Templo. Vida conturbada de um revolucionário. Esteve mesmo entre os 21 enviados para a guilhotina com Robespierre na Place de la Révolution, durante uma execução que marcou o fim do Terror. Ele, portanto, morreu como herói e em boa companhia.
-Este é seu ancestral?
− Sim, tenho em casa a árvore genealógica dos seus descendentes, sou o seu quadragésimo sobrinho-bisneto.
− Vocês poderiam suspender essa troca de agrados e Laurent saber por que estou aqui?
Tália mostrou a foto em seu celular,
− Quero uma sandália igual; você tem?
− Não, mas posso fazer. Para quando você precisa?
− No máximo quarta da próxima semana; mas quero experimentar aqui antes.
− A mesmas formas que tenho usado para fazer seus sapatos sob medida bastam. Não preciso de seis dias; terça, ao meio-dia, estará à sua espera.
− Tu es un ange, Laurent!
Laurent se curva, pega sua mão direita, a beija,
Pour une belle femme, une amie, rayonnante de ses fiançailles, tout ce que je peux faire, c’est peu.
[2] Para uma mulher linda, amiga, radiante por seu noivado, tudo que eu possa fazer é pouco.
Vivendo, a seu jeito seus dias, algumas visitas de Apolo a Armênia consentidas por Tália,
Quarta-feira, costumes, sapatos, adereços guardados em seu quarto de noivos, descem para o desjejum; tiveram que se juntar a Euterpe na copa: a casa já estava tomada por floristas, homens e mulheres da Sua Festa Seu Encanto, entrando com mesas, cadeiras, toalhas para a sala de visitas, começando a arrumar a levando equipamentos para a cozinha, as portas da sala de banquetes aberta onde outras gentes limpando e encerando o salão de baile, técnicos de som verificando os equipamentos… tudo sobre lonas, que o dia amanhecera chuvoso, Esmeralda comandando, gritando,
Não! Essa louça não! È a louça de Sèvres!
Manfred, sim, as da Boêmia, mas não essas: para a ocasião é mais adequado o conjunto com bordas vermelhas.
Joelma! Peça que Cecília a ajude e tragam as caixas de talheres Rothschild.
− Tchauzinho. Vou para o teatro; é melhor ouvir gritaria de alunas que este inferno.
− Nós também vamos embora este fuzuê endoidece! Vamos, Tália.
Foram na Blazer em direção ao Lago Azul Mall; no caminho, Tália ligou para hotel Lago Azul, reservou uma suíte voltada para o lago.
− Este Mall é muito bonito; faz tempo que eu não vinha aqui.
− E eu, nunca.
Mão dadas, mãos nas cinturas, mão de Tália na cintura de Apolo ele, mão em seus ombros, andaram entre as árvores naturais da terra, sentaram-se admirando a fonte do pátio central, as carpas no reservatório de água corrente do riacho que nele desagua. Pelas escadas subiram até o sexto andar; no mirante, apreciaram as vistas da mata, dos belos prédios de outro lado, da cidade ao longe noutro.
Sentaram-se num dos bancos embaixo de palmeiras, fumando conversaram sobre seu futuro, se deveriam ter filhos. Apolo disse que gostaria que tentassem, depois das férias de fim de ano, ela o beijou com amor. Sim, assim que começarem suas férias vou tirar o DIU. E o que vai fazer quando se aposentar? Ceio que terá de se aposentar aos oitenta, né?
− Sim, vou abrir meu escritório Apolo História e Ciências. Juntei algum dinheiro que está aplicado; depois de saber como você aplica seu dinheiro e seus bens, vou pedir a você que administre os meus; a dispensa, vai render montante razoável, que juntarei à aplicação.
− Quanto custará a construção, mobiliário, pessoal, capital inicial?
Apolo pegou o celular, refez os cálculo que já havia feito,
− Entre 430 a 470 mil Reais.
− Não vai esperar até a aposentadoria! Depois de nosso casamento registrado, vou criar esta empresa em seu nome, capitalizá-la com 240 mil e 240 mil a serem capitalizados por você com o que receber de indenização e o restante com os resultados líquidos dos lucros da escola.
− Loucura, meu bem! Não aceito que você faça isto.
− Por que não? Afinal será patrimônio meu também. E eu estou com fome!
Desceram ao terceiro andar. No Tout Gourmet comeram a sugestão da casa, sequência de pequenas porções acompanhadas de Chablis gelado; descartaram a sobremesa, tomaram um cafezinho, saíram andando até os elevadores da torre.
Na suíte 713, amaram,
Apolo acordou de um pesadelo gritando,
− Nãão!
− Apolo! O que há?
Ele esfregou os olhos, pensou,
− Que sonho horrível! Eu dirigia à noite, por um caminho que estava escuro na mata ao lado do hotel, aparece um muro do nada, pisei no freio, sem cinto sai voando, ia espatifar-me no muro.
− Que sonho feio mesmo!
Tália o abraçou, ele deitou-se, ela deitou-se sobre ele, encostou seus lábios no dele, ele abriu os seus, beijaram-se, ela sentiu o membro que endurecia.
Chegando à mansão, o caminho até a escada tinha vasos de flores de metro-em-metro, a escada estava protegida por toldo vermelho com bordas e guirlandas douradas, tudo limpo, cada sala com vasos de flores novos, entremeados com pequenos vasos de jasmim na entrada, alíssio branco, rosa, laranja e roxo na sala de visitas, dama da noite no salão de banquetes e salão de baile, de cada um perfumes agradáveis, tudo calmo.
Em preparar festa, mamãe é especialista, e em cada uma consegue criar ambientes diferentes.
Que bom que acabou a barulheira e a poeira!
É mesmo! Vamos para nosso quarto.
Ao abrirem a porta, o suave odor da lavanda lhes chega às narinas; dentro do quarto dois vasos pequenos com a planta florida em cada lado da cama.
− Ela se superou; que delicadeza de mamãe!
Um banho juntos, deitaram-se.
Apolo acordou às nove, ao final de um sonho em que fez amor com Esmeralda.
− Temos que tomar banho de novo, estabanado! Você espalhou esperma em mim e no lençol!
− A lavanda de sua mãe nos deu este sexo doido.
Esmeralda, Euterpe, e Manfred e Cecília ainda conversavam sobre detalhes para amanhã.
− Alô, noivinhos sabichões! Chegaram quando tudo e nós mesmos já estamos calmos.
− Fomos mais longe que você: ao Lago Azul Mall.
− Podiam ter me lembrado: eu iria junto, ficaria em outra suíte, almoçaria e viria para casa com vocês.
Tália disse “É mesmo!”, e apertou a mão de Apolo.
Sentaram-se também, Joelma lhes serviu o jantar.
Passeando pelo jardins da frente, mão dadas, fumando, sentindo o cheiro de terra e grama depois da chuva,
− Apolo, passe para o outro lado: não gosto de fumar segurando o cigarro com a mão esquerda.
− Mais uma que aprendi e não vou me esquecer. Disse Apolo rindo.
Continuaram pelo jardim do lado, na parte de trás, andaram pelos caminhos de pedra sobre gramas de cores diversas, entre árvores antigas, no pomar,
− Tália, estou muito nervoso para conseguir dormir aqui, ouvindo os sons de arrumação final, sua mãe gritando, mais coisas chegando, técnicos de som colocando caixas, testando som. Eu gostaria de ir dormir em minha casa antiga, chegar aqui depois de meio-dia,
− Acho besteira, mas entendo. Vá: mesmo que faça amor com ela com ela, não me importo.
− Do jeito que me sinto, nervoso, ansioso, talvez não conseguisse trepar nem mesmo com você.
− Garanto que treparia, você sabe.
Paulo foi. Parou a Blazer na porta, ouviu o som da novela que Armênia estava vendo; acendeu um cigarro, esperou que terminasse ou entrasse um intervalo, então apertou o botão da campainha.
− Levou um chute da namorada?
− Por favor, abra a porta que eu conto o que é.
− Venha, vamos conversar na pracinha.
− Na MINHA pracinha? Ela não é mais a nossa pracinha, que pena, que pena, [4] cantou.
− Mas a vida continua, vamos.
Ela o levou para o banco embaixo do Flamboyant.
Apolo acendeu mais um cigarro,
− Estou nervoso e arrependido de ter aceitado o convite para a reunião de amanhã.
Quero passear um pouco com você, conversar, você sempre soube me acalmar com seus dotes de professora,
− Eu sou professora de arte culinária!
− Sim, a arte a ensinou a escolher e combinar ingredientes, mexer nos arranjos do jeito certo. Quando eu ia defender minha tese de Master em História, em tantos outros momentos em que tivemos problemas, quando fomos despejados até você encontrar nossa casa,
− A namoradinha não sabe acalmar você? Só quer zazueira?
− Ela é muito mais moça que eu,
− Sim, que bom que você sabe que é uma vergonha; mas continua.
− Vamos conversar, por favor, ela vai sair de minha vida.
Falou sobre a Grande Loja, sobre o Grão Mestre, sobre quem eram os membros, como eram as cerimônias, que iriam lhe pedir para responder a perguntas com a mão sobre o Livro da Lei Sagrada. É crime dizer coisas falsas, mas eu não posso contar tudo de minha vida.
− Se não quer ser Maçom, é só dizer que não aceita responder com a mão neste treco!
Apolo pensou, entendeu que o conselho era sábio, pegou em sua mão,
− Eu sabia que você ia me acalmar! Obrigado.
Andaram pela pracinha, voltaram para casa.
− Quer uma taça de vinho?
− Se voce tomar também, seria ótimo brindarmos ao seu concelho.
Bridaram, tomaram um gole com os braços cruzados, Armenia abriu os lábios,
Ele dormiu profundamente; acordou às oito, com a cabeça de Armênia em seu peito; em paz, preparado para enfrentar a festa. Esperou que ela acordasse naturalmente. Certamente ela percebeu que ele estava de olhos abertos, abriu seus olhos, olhou nos dele, ele a puxou mais para cima,
Desceram às nove e meia para tomar café.
Apolo a ajudou na limpeza da casa, descascar e cortar cebolas, descascar batatas, raspar e cortar cenouras, enquanto Armenia ia preparando a comida para o jantar: Apolo já lhe dissera que iriam almoçar no restaurante a que iam, que se chamava Panela do Juca, agora Pratos de Prata [5] (cidade de Minas Gerais), que Armenia disse que estava maior e melhor.
Almoçaram, ela tomando um chope, ele água com gás e suco de limão.
Deixou-a em casa, foi para a mansão.
− Muito bem! Chegou à uma! Transou?
− Ela pediu, mas eu disse que estava com dor de cabeça. Disse Apolo rindo.
(Sem problemas, não estava com a mão no Livro Sagrado).
− Nem tentei, não conseguiria, mas dormi profundo por oito horas.
− Eu dormi muito bem, por quase dez.
Às sete, Esmeralda, Euterpe, Tália ele estavam na sala de entrada, Manfred à porta, portão aberto, ao seu redor, o porteiro e 6 seguranças contratados para impedir que paparazzi entrassem. Vinte motoristas da empresas que foi contratada para o banquete, para receber os ocupantes dos carros e levá-los para o estacionamento.
E chega um furgão retardatário. Esmeralda ficou furiosa!
− Vou reclamar com Rogério.
Euterpe acendeu um cigarro,
− Agora, aqui não Euterpe!
Euterpe, Tália e Apolo foram fumar no alto da escada.
Às sete e meia, Esmeralda, Tália, Apolo e Euterpe, em fila, estavam ao lado esquerdo da porta.
Pouco antes das oito, começam a chegar os convidados, paparazzi fotografando os carros que entravam, nada vendo: todos com vidros fumê.
O primeiro Abraça e beija Esmeralda, Tália,
− Que linda!,
passa por Apolo com leve abaixar de cabeça, abraça e beija Euterpe.
E assim foi a recepção, “Que maravilha!” Como você está maravilhosa”, muito poucos cumprimentando Apolo, alguns como o primeiro, a maioria nem olhava para ele. As exceções foram Ambrósio, Clarissa, Jô, Laurent que beijou a mão das damas, a todos abraçou e beijou nas duas faces; todos conheciam o costume francês, retribuíram.
Apolo e Tália, esperaram que Esmeralda e Euterpe entrassem na sala de visitas. Tália entra de braços dados com Apolo; Ambrósio, Clarissa, Jô e Laurent procuravam ficar à sua volta. Ela era parada por muitos que com ela conversavam; os poucos que o cumprimentaram com a cabeça, novamente o faziam, mas não lhe dirigiam palavras.
Garçons entregavam as taças que Esmeralda escolhera, e serviam Champagne Krug Grande Cuvée Brut, garçonetes ofereciam Brie de Meraux puro em pequenas fatias, ou em pedaços empanados em ervas de Provence, ou pedaços de camarões da Costa Negra salteados em óleo virgem português com noz moscada da Indonésia e açafrão da Índia.
Entra o Maitre e, em voz alta, “Le Dinner est servue!”
À porta do salão, Manfred, com o mapa da mesa à mão, mostrava a quem entrava a posição e número de sua cadeira.
Ambrósio e Clarissa à esquerda de Tália, à sua direita Apolo, à direita Esmeralda, Laurent a seu lado.
Todos em pé, taças de champanhe Cristal, Louis Roederer safra 1995 servidas nas taças à sua frente, Esmeralda,
− Um brinde a todos que nos deram a honra de aceitar nosso convite!
Palmas de todos à exceção de doze ou pouco mais, e brindaram com o líquido rosado borbulhando.
− E obrigada por virem celebrar conosco o noivado de minha amada filha Tália com esta pérola de homem que é Apolo!
Esmeralda viu e marcou na cabeça os nomes dos que não aplaudiram.
Não se perturbou: levantou a taça em direção a todos; à exceção dos que não bateram palmas, todos, virados para ela, levantaram suas taças, e tomaram um pouco.
Tália se levanta,
“Linda!” “Mulher maravilhosa!”, muitos gritos parecidos e salva de palmas.
− Eu agradeço a vocês por virem celebrar,
Um a interrompe,
− E eu vim para lhe dizer que não permito que você se case com este velho maluco!
Dois outros emendam:
“Isto mesmo!” “Fora com esse bobalhão caçador de mulher rica!”, “Fora grandalhão safado!”,
Esmeralda,
− Eu os conheço; sei que jamais se comportariam assim. Por favor, moderem na bebida.
Tália esperou que os três se calassem,
− Eu comemoro hoje, com este homem elegante, educado, inteligente, atencioso com quem o encontre, mestre em história em ciências,
− “Mestre que deve ter pagado uma batelada para ser aceito na universidade. Diz um deles
Probo? Haha hahaa… sua vida de assaltante descarado de mulheres ingênuas, só não está nas páginas policiais poque as tontas têm vergonha de denunciar!”, diz outro.
− Peço que os que estão ao lado de convidados embriagados os ajudem a se retirarem da sala e de minha casa.
Dois se levantaram, e pediram desculpas por terem abusado das bebidas.
− Vocês devem ficar se quiserem; se preferirem sair saiam; mas serão sempre diletos convidados à minha casa.
Os três não se mexeram, os que estavam a seu lado bateram em seus ombros, não se levantaram, dois homens a seus lados ou perto, os levantaram e os foram empurrando, eles protestando xingando Esmeralda e Tália; os arrastaram á porta. Manfred já havia pedido que encostassem seu carros em frente da escadaria. Chegados seus carros, os enfiaram dentro, pediram ao motorista que trancasse as portas; voltaram à sala.
Tália continuou,
Obrigada, portanto, pela sua presença muito querida.
Levantou sua taça olhando a cada um, todos brindaram com ela, colocaram as taças à mesa, a aplaudiram.
Apolo levantou-se,
− Quando eu estive na loja de Laurent — e fez uma mesura a ele,
Palmas; Laurent se levantou agradeceu com a cabeça, sentou-se.
− ele me saudou e disse (Apolo repetiu em francês impecável) “Enchanté. M. Paulo, et félicitations! Épouser cette belle dame intelligente et joyeuse est ce que tous les hommes considéreraient comme un cadeau de Dieu”, E Deus me deu este presente inestimável,
− Parabéns! Eu gostaria que Deus me desse este presente. Disse um.
− Você falou em nome de todos os homens que tenham tido a ventura de conhecer Tália diriam.
Tália levantou-se, face vermelha, agradeceu curvando-se; Esmeralda iniciou as palmas.
A entrada foi Tourteau de casier et homard bleu, voile d’amandes fraîches.[1]
Levanta-se o senhor de pincenês, cabelos bastos e brancos, à frente de Esmeralda,
− Um brinde a quem escolheu este prato e aos chefs que o produziram!
Palmas redobradas de todos.
O prato principal, servido com o champanhe ou Chadornay tinto seco, safra 1978, foi Chapon de Bresse [2] au parfum de maïs, gratin de cèpes.
Muitas vozes: Maravilhoso!, Sensacional!, Parabéns ao chef! Obrigado, Esmeralda, por esta ambrosia!
Sobremesa: Ispahan de Pierre Herma[3], servida com champanhe Pol Roger Cuvee Sir Winston Churchill 2013 [4]
[1] Caranguejo e lagosta azul, véu de amêndoa fresca; véu de amêndoa coberto com bolo cremoso de caranguejo e salpicão de lagosta. Tudo temperado com uma pitada de gel de menta chartreuse, variedade com sabor levemente apimentado, e molho frio de manteiga branca, também aromatizado com saquê e álcool de amêndoa. No véu estão colocados uma brunoise de melão e um medalhão de lagosta.
[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Frango_cap%C3%A3o
[4] https://trembom.wordpress.com/2007/05/14/pierre-herme-e-sua-assinatura-ispahan/
[4] https://www.mistral.com.br/produtor/pol-roger#:~:text=Criada%20para%20homenagear%20um%20de,e%20frias%20de%20Pol%20Roger.
O prato principal, servido com o champanhe ou Chadornay tinto seco, safra 1978, foi Chapon de Bresse [6] au parfum de maïs, gratin de cèpes.
Muitas vozes: Maravilhoso!, Sensacional!, Parabéns ao chef! Obrigado, Esmeralda, por esta ambrosia!
Sobremesa: Ispahan de Pierre Herma[7], servida com champanhe Pol Roger Cuvee Sir Winston Churchill 2013 [8]
− A bailar! Grita Euterpe.
Alguns se despediram a maioria acompanhou Euterpe para o salão dançar.
Três da manhã, exaustos, afinal puderam ir dormir.
Josélia, Manfred e o pessoal de limpeza ainda tiveram que dar uma limpeza simples, rápida;
Um dos limpezeiros encontrou uma roupa de garçom; entregou a Manfred.
Armenia viu o Jornal da Cidade, das cinco e meia. Apavorada e pdv com Apolo, foi à banca de jornais, Alguns jornais da cidade já tinham publicado edições extraordinárias.
Pelas descrições e endereço, conseguiu o telefone da mansão. Ligou,
− Bom dia, residência de Madame Esmeralda. Atendeu Josélia.
− Preciso falar com urgência com doutor Apolo!
− Quem fala?
− Sou a secretária do Reitor, ele precisa falar imediatamente com Professor Apolo!
− Ele está dormindo.
− Por favor, não perca mais tempo! Acorde-o!
Josélia bateu à porta da suíte, sem resposta, bateu com força,
− O que é, disse Apolo.
− Josélia: o Reitor da faculdade precisa falar com o senhor imediatamente!
− Obrigado; vou atender.
− O que acontece? Resmunga Tália.
− O Reitor precisa falar comigo com urgência. Volte a dormir.
− Alô,
− Você precisa sair daí imediatamente. Reconheceu a voz de Armenia,
− Senhor Reitor, eu e que deveria esperar na linha. Ela explicou ofegante.
− Obrigado, vou já para aí.
− Vai ter que ir à Faculdade?
− É uma convocação do Reitor da universidade, para reunião urgente de todos os Reitores das faculdades e titulares de cátedras. Será rápido. Durma, volto já.
Apolo se vestiu às pressas. Sem pegar nada, saiu na Blazer em disparada.
Armênia o esperava na calçada, com malas, caixas e pacotes, que sua vizinha a ajudara a recolher, fazendo o mínimo barulho. Ninguém ainda acordado, ninguém na rua.
− Vamos pôr tudo no carro e zarpar imediatamente.
Deu as chaves para a vizinha esperar o caminhão de mudanças que contratara, com compromisso de que só o motorista, nenhum ajudante, soubesse do destino.
Apolo apagou todos os contatos de seu celular, exceto os da Universidade.
− Obrigada, Suzana; Armenia deu-lhe um beijo,
− Entendo a urgência, vão embora rápido. Se qualquer repórter ou pessoa vier aqui, direi a mesma coisa que os outros; estão todos dormindo: “Eu estava dormindo, não escutei nem vi nada”.
Na Mansão, só Josélia escutou o telefone tocar, foi dormir novamente.
Seis horas, Manfred acorda, faz suas abluções e necessidades, toma um banho, se veste, liga a televisão.
Estupefato, doido de pena de Tália e Esmeralda,
Toca a campainha.
− Monseigneur Laurent!
Laurent entra com jornais embaixo do braço.
Manfred o leva para a sala de seus aposentos, Laurent lhe dá os jornais.
− Que horror, que sacanagem!
− E tudo que publicam de Esmeralda, Apolo, em particular de Tália! Deboches, críticas, descrição falsa de suas vidas e personalidades! Vim assim que assisti o noticiário e comprei os jornais. Todos vão precisar de carinho, conforto de como lidar com esta imundice.
− Ninguém estava da copa, imaginei que vocês estivessem escondidos; assisti o jornal da TV; Dê-me os jornais, Manfred. Esmeralda entrara sem que fosse notada.
Euterpe desce em desabalada, acaba encontrando-os também, olhava os jornais por cima dos ombros de Esmeralda,
− Mãe, quem tirou estas fotos? Quem escreveu estas barbaridades, estas mentiras?
− Não creio que possa ter sido um dos convidados,
− Nem os bêbados?
− Estes estão eliminados, como estavam, nem conseguiriam encontrar seus celulares; mas vamos ver a lista: Manfred por favor traga a lista.
A lista estava ali mesmo, Manfred estava sentado sobre ela.
Examinaram cada um e uma.
− Não, não foi um deles.
− E os garçons?
Esmeralda esticou o braço para pegar o telefone, Laurent o entregou a ela. Ela sabia o número de cor.
− Sua Festa Seu Encanto. Bom dia.
− Sou madame Esmeralda,
− Bom dia, madame, o que deseja?
− Falar com Rogério, urgente.
− Vou transferir para sua casa, ainda deve estar lá.
− Bom dia, Esmeralda; não preciso de bola de cristal para imaginar: você quer saber se foi algum de meus funcionários que tirou estas fotos. É impossível: eu já tinha dito ao Armando, o chefe da equipe que foi atendê-la, que, como sempre recomendo a todos, que todos deixassem seus celulares com ele, e anotasse o que cada um fazia sempre que entrasse ou saísse da cozinha. Além disso, todos nossos carros, furgões e caminhões, estavam no estacionamento nosso, longe do estacionamento dos hóspedes, fechados, e as chaves com Armando.
− Obrigada, Rogério, já examinamos a lista dos convidados e concluímos não foi nenhum deles. Vou continuar procurando quem foi.
− Mamãe! O que você está procurando?
− Sente-se no colinho da mamãe.
Ela foi explicando com cuidado,
− Me dê esses jornais!
Olhou, leu alguns dos comentários,
Gritou.
− Acabaram comigo, com você, com Apolo! Apolo fugiu! Transformaram nossa festa em chacota!
Chorando, agarrada á mãe,
− Vou fugir também, para onde ninguém me encontre.
− Ao contrário filhinha! Daria impressão de que o que foi publicado é verdade; vamos descobrir que fez isto e como. Vamos para o escritório pensar como encontrar os fi, os bandidos responsáveis por nos infligiu este crime.
− Laurent! Desculpe! Nem vi que você estava aqui.
Laurent, que já estava em pé, a abraça,
− Estou aqui com Manfred desde as seis e meia: vi o noticiário fui comprar os jornais. Queria estar perto de Esmeralda, Euterpe, especialmente de você, para ajudar no que fosse preciso.
Esmeralda larga os jornais no cesto,
− Os jornais! Vamos ligar para os três! Grita Euterpe. Lê o número na página de editoriais, o nome do editor,
Esmeralda anota e liga em viva-voz para este.
− Jornal da Cidade, bom dia!
− Sou madame Esmeralda Leite Furquim Azevedo,
− Sim, madame Esmeralda, com quem quer falar?
− Com doutor Arsênio, proprietário do jornal.
− Um momento vou transferir.
− Madame, posso lhe desejar um bom dia só quando encontrar este fotógrafo e der queixa dele à polícia, mas estamos no caminho certo; o encontraremos ainda hoje à tarde.
− Sim, mas foi ele que escreveu a matéria que o senhor publicou?
− Não fui eu nem o editor-chefe; por azar, no horário em que o fotógrafo enviou as fotos para os jornais, quem as recebeu foi o assistente do chefe, que deu as fotos rara os redatores de plantão, ordenou a emissão da edição extra.
− Sem saber quem as enviou? O leite está derramado; serei forçada a abrir ação contra os três jornais.
− Com razão! Estamos, eu e meus amigos donos dos dois outros, redigindo um desagravo à senhora e os citados, contando quem são — que, aliás, grade parte de nossos clientes já conhecem, e explicando o ocorrido.
− Entendo; assim mesmo, vou entrar com a Ação, pagar para que seja publicada nos três jornais; se tudo for resolvido a contento para nós e para os senhores, retiro a Ação.
− Meu jornal não cobrará pela publicação; estou seguro que os outros também não.
Em seguida Esmeralda ligou para o advogado da família, explicou-lhe, e pediu que conseguisse cópia da petição, queria inclui-la na edição extra.
Não deu tempo: a edição extra dos três jornais pedia desculpar aos leitores, explicando toda sequência do ocorrido, que o autor das fotos, autônomo — não publicamos seu nome, a pedido da polícia, que quer averiguar outros fatos –, declarou no inquérito:
“Entrei na casa dentro de um furgão da empresa Sua Festa Seu Encanto, dizendo ser garçom, estar atrasado para o serviço, que não tinha tempo para ir pegar seu avental e touca, o motorista lhe deu avental, touca e sapatilha. Coloquei avental por sobre a roupa, puz a touca, sapatilha. Entrei pelos fundos. Na cozinha me apresentei ao chefe da equipe, pedindo desculpas pelo atraso. O chefe da equipe que já tinha guardado os celulares de todos, nem pensou nisto, me mandou ir urgente para a sala de entrada; servi as taças e o champanhe; com o celular por baixo da bandeja, tirava fotos sem que ninguém notasse, e assim fui servindo nas outras salas; no salão de baile foi mais fácil: todos bebendo, dançando, fiz a festa. Na saída, tirei a roupa e complementos de garçom, saí pelo lado esquerdo da casa, escondi a roupa atrás de uma árvore”.
Nas duas páginas internas, relato sobre a vida e feitos de Esmeralda, Tália, Euterpe e Apolo, com fatos e elogios a cada um.
Tália pediu a Manfred que enviasse um motorista á casa de Armenia.
Ele tocou a campainha duas vezes, na terceira ficou apertando por alguns segundos,
Suzana e a vizinha da esquerda saíram,
− Senhor, a casa está vazia; nosso vizinhos se mudaram de madrugada, eu estava dormindo, não escutei nada. Diz a vizinha da esquerda.
− Eu também nada escutei; acordei com gente tocando a campainha; acho que eram repórteres. Eles saíram e nem deixaram um bilhete, não sei para onde foram.
Zé Paulo, capataz da fazenda, ouviu a buzina tocar várias vezes; veio, correndo, abrir a porteira que tem nome em placa de madeira: Fazenda Maria Amélia.
− Dona Armenia, creio que o senhor seja seu marido,
− Sim, Zé Paulo, é meu marido Apolo.
− Entrem!
− Armenia!, Apolo! Que alegria! Que bom que puderam vir me ver novamente.
− Na verdade, mãe, estamos fugindo de nossa casa, de nossa cidade.
− Como? Por que?
− Onde podemos morar por enquanto?
− Na de Zé Paulo e Josélia,
(Outra Josélia, Paulo sentiu saudades da outra. Garota alegre, trabalhadeira, prestativa. Como estará Tália?)
Construíram sua casa mais aos fundos: esta ficou pequena para eles e quatro filhos.
Está limpinha, venham.
A casa era grande: suíte, três quartos, dois banheiros, sala e cozinha, grandes.
− Vai caber tudo que chegará no caminhão e sobrar espaço!
Apolo concordou,
− Incrível! Parece casa de dono abastado de sítio!
Descarregaram o que tinham trazido na Blazer. Viagem de quatro dias, tomaram um bom banho, trocaram as roupas, foram para a varanda, onde Maria Amélia já tinha café, rodelas de pão, leite tirado no dia, manteiga batida, queijo fresco, requeijão, pão de queijo.
Armenia contou de suas vidas, da entrada de uma ricaça namoradeira na vida de Apolo, da estupidez dele, da festa, do escândalo; ela trouxe os jornais, deu à mãe; veja.
− Apolo! Como voce caiu nesta trampa! Armenia me contou o que foi; devia ter desconfiado desta moça, desta família.
− Não são más pessoas, sempre foram gentis comigo, Tália se apaixonou por mim, entrei em namorico, me envolvi sentimentalmente com ela, eu vivi num dilema terrível: amo Armenia e estava me apaixonando por Tália. A festa e o escândalo, me libertaram.
Tenho Pena de Tália; deve estar arrasada.
− Ela é moça, rica, bonita, vai ter muitos homens, mais sensatos que você, a cortejando, consolando; daqui a pouco estará casada.
− É, espero que sim.
Maria Amélia abriu nova conta em seu banco, para que Armenia e Apolo movimentassem, transferissem seu valores e aplicações; eles cancelaram suas contas e as firmas que tinham em cartórios da cidade..
Armenia e Apolo viviam uma nova vida, parecida com a que viveram os primeiros ano de casados, mas sem fantasmas do passado; se amando, se ajudando, carinhosos um com outro.
Não lhes faziam falta o que a cidade lhes ofereciam, apenas de trabalhar.
A Província, tinha poucas escolas, poucas na região, apenas duas universidades no centro urbano, seis horas de distância, por carro que enfrentasse os trechos em ladeiras íngremes.
Pediram a Maria Amélia que contasse que ele e Armenia eram professores, para quem viesse comprar leite, queijos, café, animais, legumes, verduras, ou para lhe fazer visita.
Alguns os procuram, gostaram; o boca a boca trouxe outros.
Fizeram da sala uma sala de aulas.
Com suas reservas começaram a construir um pavilhão,
− Você já pode pedir aposentadoria.
− Aposentadoria, sim, mas com tudo que aconteceu, duvido que me despeçam; no entanto, não custa tentar.
Pelo fuso horário o Reitor devia estar em casa.
Ligou, atendeu ele mesmo,
− Apolo! Que bom que respondeu!
− O senhor me enviou mensagem?
− Sim, há quatro meses.
− Eu estava na estrada.
− Sigmund, com quem você está falando?
− Com Apolo, Eunice.
− Sim, todos entendemos que você e Armenia saíram sem deixar traço, quando leram as notícias publicadas no dia da festa de Esmeralda; e parece que não souberam, até hoje, da que foi publicada no dia seguinte, esclarecendo o que de fato houvera, se desculpando com todos, um quarto de página com sua história, e merecidos elogios. Vocês podem voltar; serão recebidos com festas.
− Puxa! Não soubemos. No entanto, preferimos ficar aqui, seria um tormento ser famoso aí,
− Famoso aqui você já é. O que posso fazer por você, então?
− Doutor Sigmund, quero abrir uma escola, em seguida uma universidade nesta região; poucas e esparsas escolas; universidades só na capital da província, distante daqui por quatro ou cinco horas de carro, inacessíveis a cavalo. Se eu puder ser aposentado, usarei a verba para isto.
− Mestres aposentados me chamam pelo primeiro nome; vou apresentar seu pedido ao Concelho; ligo para você depois.
− Então, obrigado Sigmund.
Apesar de agora poderem usar contas pessoais, preferiram continuar usando a de Maria Amélia. Ela a renomeou Escolas e Universidade Fazenda Maria Amélia.
20 dias se passaram.
− Sigmund, boa tarde!
− Daqui ilhe envio um bom dia e notícias; demorei porque não foi fácil reunir todos os conselheiros nesta época.
Por unanimidade o Concelho aprovou que você fosse demitido, com todos os direitos que você tem pelos seus 45 anos como Professor, 40 como Mestre e 35 como Catedrático. Uma placa de bronze em sua homenagem será adicionada à galeria de pessoas a quem a Universidade deve honras.
Apolo demorou a responder,
− Apolo?
− Estou emocionado! Não sei como agradecera a vocês!
− A Universidade lhe agradece por seus tantos anos de trabalhos a ela dedicados, que a promoveram, agora então, a promoveu por todos os cantos.
3.371.078,43 Reais entraram na conta de Escolas e Universidade Fazenda Maria Amélia.
Recursos suficientes para construir boas escolas e universidade, expandi-las no futuro. Podiam esperar para vender sua casa. Para testar, a puseram à venda por valor 20 % superior ao de mercado em corretoras da cidade, respostas deviam ser enviadas para o endereço eletrônico eufma@ma.com.
No dia seguinte uma resposta de uma delas:
Recebemos, de cliente nosso, pessoa conhecida e respeitada na cidade que nos deu exclusividade para a transação, proposta firme, de, garantias sólidas, para compra à vista pelo preço pedido. Nosso cliente pede para que seu nome seja mencionado somente na escritura de compra e venda. Se for aceita, por favor enviem procuração específica registada em tabelionato, com cópia autenticada, para nós, Vinício Esteves Ramão,… Endereço, telefone, RG, CPF, CRECI, …
Leram para Maria Amélia.
− Por que esta pessoa não quer declarar seu nome antes de fechar negócio? Pergunta Armenia.
− Imagino que seja de muitas que pense que nós não venderíamos para ele por termos tido relações que imagine tenham sido ofensivas a mim. Não me lembro de ter tido este tipo de relação com ninguém. Por mim, assino a procuração.
− Podem assinar: não é fraude desta imobiliária. Não se arriscaria a ser cancelada pelo Creci.
O advogado da fazenda enviou o rascunho; aprovado, fizeram três cópias, assinaram, guardaram uma. Maria Amélia pediu ao cartório que enviasse links para reconhecimento de firma dos dois; aceitas e registradas, então Zé Paulo levou as duas cópias para o cartório.
Cópia registrada enviada para a imobiliária,
A casa foi comprada por Laurent Antoine Simon Capet Valois.
Justo ele? Ficamos amigos! Por que haveria temido que eu o recusasse??
Apolo vasculhou seus pertences, encontro o cartão de Laurent.
Enviou mensagem pelo endereço da EUFA:
”Meu querido Laurent,
Fiquei feliz que você tenha comprado nossa casa; mas não entendi porque não quis que seu nome só tivesse aparecido no contrato.
Fomos amigos, e espero que você ainda me considere amigo. Eu lhe devo atenção e ajuda, enquanto por aí estive.
Grande e saudoso abraço”.
Laurent respondeu em seguida:
“Cher et especial ami,
Je te répond en français afin que tu pêut continuer à exercer tes parfaites compétences écrites et orales dans cette langue.
Celle qui m’a demandé de ne pas déclarer mon nom était Talia, parce que tu as disparu sans laissér l’adresse où tu était allé, elle pensait pensait que tu avais été blessé par elle.
C’était idiot, mais elle a insisté et a voulu que la maison soit pour elle un lieu de souvenir de la passion débridée, du voyage comme si en LSD, et de final tragique que vous deux ont vivie.
Je fût a qui Dieux a donné le cadeau.
Il y a deux ans, nous nous sommes mariés. Nous avons réussi à faire Esmeralda renoncer au faste: nous nous sommes mariés dans la petite et belle église de Sainte Lorence, en présence uniquement des membres de la famille de Talia, mes parents — venus pour participé de la ceremoine et rencontrer la famille de Talia -, Manfred, Josélia, Maria, Clarrissa, Jô, Ambrósio, François, Otávio et Mauro Antunes, qui étaint à la fête, et je ne pense pas que tu les connaissiez.
Nous vivons dans une ferme que nous avons achetée et où nous vivons avec notre fils Hermes, (nom choisi par Esmeralda), qui a completé un an le huit du mois dernier.
Esmeralda, Euterpe, Manfred, Maria, Josélia, Ambrósio et Clarissa nous rendent visite fréquemment; ils se souviennent de toi avec affection. Tu les manque beaucoup.
Par l’adresse email. Je suis allé voir le site de l’EUFMA.
Quelle merveilleuse idée vous avez et transformée en réalité !
Je constate avec joie que le travail ne vous manque pas.
Talia a également vu le site et t’envoie du bonheur, du succès continu, des câlins affectueux, des remerciements pour les moments que tu la avez offerts, et deux bisous, à la française.
Gros calin e deux bisous aussi”.
Apolo, sentimental como sempre foi, sorria, em trechos, lágrimas escorriam de seus olhos em outos.
Maria Amélia e Armenia assistiam a leitura; quando ele levantou os olhos, sinal de que já lera tudo,
− Quer por favor ler para nós? Diz Maria Amélia.
Ele leu:
“Estimado e querido amigo,
Eu lhe respondo em francês para que você continue exercitando sua escrita e fala perfeitas neste idioma.
Quem me pediu para não declarar meu nome foi Talia; por você ter sumido sem deixar o endereço para onde foi, ela pensou que tu estivesses magoado com ela.
Foi bobagem, mas ela insistiu, e quis que a casa fosse uma lugar de recordação para ela da paixão desenfreada, como se fosse com LSD, e final trágico que vocês viveram.
Eu fui o escolhido por Deus para receber o presente.
Há dois anos nos casamos.
Conseguimos fazer com que Esmeralda desistisse da pompa; nós nos casamos na pequena e bonita Igreja de São Lourenço, com a presença apenas de membros da da família de Talia, meus pais — que vieram para assisti-lo e conhecer a família da Talia -, Manfred, Josélia, Maria, Clarrissa, Jô, Ambrósio, François, Otávio e Mauro Antunes, que estavam na festa e penso que você não os conheça.
Moramos em uma chácara que compramos e onde vivemos com nosso filho Hermes (nome escolhido por Esmeralda), que completou um ano dia dezoito do mês passado.
Esmeralda, Euterpe, Manfred, Maria, Josélia, Ambrósio e Clarissa nos visitam com frequência, lembram de você com carinho, sentem muitas saudades de você.
Pelo endereço do e-mail. fui ver o site da EUFMA.
Que ideia maravilhosa que vocês tiveram e transformaram em realidade!
Eu vejo, com alegria, que trabalho não falta a vocês.
Talia também viu o site e lhe envia felicidades, continuado sucesso abraço carinhoso e agradecimento pelos momentos que você ofereceu a ela, e dois beijos, à moda francesa.
Grande abraço, saudades, também dois beijos para você”
Sempre que havia novidades de um lado ou outros,
Apolo viveu com sua coroa, coroa e ele se amando; com mais estas notícias, tiveram mais assunto ainda para conversar em sua velhice.
Se fosse estória de reis, princesas e fadas, terminaria com:
E, assim, viveram felizes para sempre.
……………………………………………………………………………..
“O que você diz, com todo respeito, é apenas o que você diz”, diria Bob Marley para mim.
Se você leu tudo e chegou até aqui, parabéns pelo fôlego e muito obrigado.
Se não gostou, por favor comente. Críticas são bem-vindas para qualquer escritor.
Se gostou dê umas palminhas.
[1] https://www.bykamy.com.br/isfahan-a.html
[2] Encantado (por conhecê-lo) Sr. Paulo. Parabéns! Se casar com essa senhorita linda, inteligente e alegre é o que todos os homens considerariam um presente de Deus.
[3] Para uma mulher linda, amiga, radiante por seu noivado, tudo que eu possa fazer é pouco.
[4] https://www.youtube.com/watch?v=yiHkFKbbiiE
[5] https://pt.wikipedia.org/wiki/Prata
[6] https://pt.wikipedia.org/wiki/Frango_cap%C3%A3o
[7] https://trembom.wordpress.com/2007/05/14/pierre-herme-e-sua-assinatura-ispahan/
[8] https://www.mistral.com.br/produtor/pol-roger#:~:text=Criada%20para%20homenagear%20um%20de,e%20frias%20de%20Pol%20Roger.