Nós nascemos com um carcinoma
De efeito leve, age muito devagar, mas não tem cura.
A reprodução assexuada ou sexuada dos seres vivos, contamina a pele de gineceu, androceu ou clones das plantas, ovos de aves, óvulos e espermatozoides de mamíferos, carregando um DNA que apareceu, sabe-se lá como; dizem que suas primeiras evidências “incontestáveis” (?) apareceram há pelo menos 3, 5 bilhões de anos. Se foi o acaso que o criou, temos seu lado bom, vivemos; e seu lado desagradável.
“Tout passe tout casse tout lasse et tout se remplace”, diz o provérbio francês, que não se sabe também de que, quem e como nasceu. O mundo inteiro o usa e repete, sem notar que os seres vivos não podem ser substituídos.
Mesmo organizando fotos e vídeos em que aparecemos, não poderemos reproduzir um vídeo nosso, como o que certamente você já assistiu, https://www.youtube.com/watch?v=z_EUqUrZy4c.
Mas teremos instantâneos acompanhando nosso envelhecimento, carregados de significado, de lembranças de que melhor nos recordaremos dos ambientes em que estivemos, saudades, emoções alegres ou tristes; nossa história de vida.
E aí vão nossas peles abrangendo, comprimindo, protegendo e carregando ossos, órgãos, canos, tubos e tubinhos, sangue e outras coisas, nossa memória (que não sabemos onde está)[1], vendo e participando do entorno, ouvindo, falando com outras, saudando, abraçando, beijando, se unindo a outras, propagando para o futuro esta doença.
As drogas de hoje são muitas e diferentes, mais eficazes; combatem este tipo de células carcinogênicas, dão à pele sobrevida retardam sua total destruição.
Vamos em frente que — literalmente –, atrás vem gente.
Augúrios e abraços a todas, da superfície da minha.
[1] https://blogflaviomusa.medium.com/a-mem%C3%B3ria-cabe-no-c%C3%A9rebro-8ac8414ad2d6