Minha osteoporose

Flavio Musa de Freitas Guimarães
6 min readApr 11, 2024

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Uma contribuição para médicos e dentistas

Mudei-me de uma cidade do interior de São Paulo para uma do interior de um Estado distante de São Paulo.

Em dezembro de 2022, meu incisivo superior esquerdo estava doendo e latejando.

Pela experiência passada, de ter três pontes implantadas por meu dentista de há mais de quinze anos quando morava em lá em São Paulo, Capital, uma de dois dentes, outra de três no maxilar superior, uma de quatro dentes no maxilar inferior. Todas, até hoje, abril de 2024, perfeitas, decidi que meu incisivo fosse arrancado e substituído por implante.

Consultei várias pessoas, que então já conhecia, sobre os dentistas com os quais se tratavam; recebi sugestões de profissionais excelentes da mesma cidade, alguns se tratavam em cidades próximas.

Enviei mensagens para os de minha cidade perguntando sobre o valor que cobrariam pelo implante de um incisivo.

Um era caríssimo, só vinha a esta cidade uma vez por semana; não teria, como não teria hoje, recursos para tanto.

Dos demais, usei as indicações dos conhecidos que há mais tempo aqui moravam; consultei, pelo Google, suas referências.

Fui ao que tinha a maioria das indicações que eu recebera e boas referências no Google. Não era o mais barateiro, mas o valor, parcelado, cabia em meu orçamento.

Por raio X ele viu que o nervo já havia sido extirpado, extraiu o dente, fez limpeza do canal.

Pela descrição que fiz de meus tratamentos anteriores, pelo raio X e verificação pessoal, viu que a estrutura óssea do maxilar era perfeita e compacta. Fez o molde, uma semana depois colocou um dente provisório, dois meses depois fez o implante.

Ficou perfeito; a porcelana lisa, brilhante como as dos dentes de meus implantes anteriores. Receitou-me Amoxilina três vezes ao dia por sete dias.

Uma semana ou dez dias depois, o implante estava mole. Voltei, ele o retirou, limpou a cavidade, o recolocou, mais uma semana de Amoxilina, mesmo resultado: o implante não se fixava.

Outra consulta, mesmos procedimentos. Desta vez, ao retirar a prótese, saiu também o canino ao lado. Me receitou uma semana de Amoxilina seguida de oito dias de Levofloxacino 750.

Passadas duas semanas, novamente tive que voltar.

Ele disse que não entendia, perguntou se eu não tomava cálcio.

Eu disse que sim, tomava um comprimido de Alendronato de Sódio todas as manhãs.

Alendronato de Sódio? Correu ao seu arquivo, procurou e achou a ficha de uma cliente que teve o mesmo problema, que na época consultou médicos amigos, e constatou que o problema dela era isto. Ela deixou de tomar esta droga e tudo se resolveu.

Que eu tinha de ficar quatro meses sem tomar o Alendronato. Me deu o implante, pediu-me que o guardasse, então voltasse.

Parêntesis:

TzeLin Sam comentou na versão em Inglês: “Sinto muito por todos os seus problemas. Você pode explicar sobre o alendronato de sódio novamente, por favor? Minha mãe está levando para sua osteoporose. Não é bom?”.

Eu respondi: “Oi, Tzelin,
O alendronato de sódio é excelente e não tem contra -indicações, exceto para pessoas que não podem ficar pelo menos 30 minutos sentadas ou em pé.
No meu caso, foi um infeliz coincidência que a paciente do dentista pudesse ter mantido o implante — certamente por outros motivos — e o dentista atribuiu erroneamente isso à rejeição do implante”.

Fecha parêntesis.

Antes dos quatro meses tive que ir a São Paulo, como eu explico adiante.

Em 1º de setembro de 2011, tive um divertículo que estourou. Louco de dor, por engano, uma amiga que morava no mesmo prédio ligou, eu quase não conseguia falar, ela me levou para o SAMASP*, me registrou contando o que era, fui registrada como de atendimento imediato. A desídia e corrupção do pessoal e enfermeiras me fez aguardar mais de 20 minutos até ser atendido. Eu teria morrido, não fosse a sorte de ser levado para o Hospital Universitário da USP, de excelência naquele tempo. Registrei meu calvário de sofrimento e alucinações em “Viajando na morfinese[1]”; a Nota Inicial explica meu calvário; o resto conta de minhas maravilhosas alucinações

Em três de janeiro de 2023, tive a consulta, pelo SUS, com o gastroenterologista daqui. Um médico ótimo! Me examinou cuidadosamente, sem pressa, ao final, me deu um pedido de tomografia abdominal e um de densitometria óssea.

Em maio de 2023 tive que ir a São Paulo, por vários motivos, em particular para uma consulta com um renomado cirurgião e gastroenterologista consulta que um irmão meu, sabendo do que eu lhe contara, pagou.

Viagem longa e cansativa, mas fui.

Para a consulta, levei a tomo e diagnóstico.

Anamnese feita, olhou a tomo e diagnóstico, auscultou e apalpou meu abdome; de volta à sua mesa, ele me mostrou pontos escuros na tomo e explicou que eram depósitos de cálcio; que eu não tomasse suplemento de cálcio, evitasse tomar leite e comer ovos.

Que não era necessária cirurgia, que o que eu tenho é enfraquecimento do peristaltismo do cólon, coisa que seria resolvida por uma medicação que me indicaria, mas só a poderia receitar depois do resultado de uma colonoscopia.

Colonoscopia realizada por um médico de sua clínica, mostrou meu cólon não ter divertículos inflamado, apenas três pequemos pólipos que retirara, me deu a receita de Resolor, que o doutor lhe tinha dito que eu deveria tomar.

Depois da longa viagem de volta, fui procurar o Resolor.

As farmácias que encontrei pelo Google ou não entregavam aqui, ou então com fretes astronômicos. A farmácia que sempre uso tinha que encomendar da Jansen chegaria por mais de 800 reais por caixa de 28 comprimidos.

Para ter consulta marcada com rapidez, paguei 250 Reais para a sociedade mantenedora do hospital.

A consulta foi realizada dia nove de abril passado.

Entreguei-lhe Tomo e densitometria. Contei por que eu não fiz a cirurgia.

Se apavorou com o resultado da densitometria, me disse que eu poderia ter um osso quebrado mesmo sem ter queda. Que eu começasse a tomar Ibandronato de Sódio imediatamente, me explicou os cuidados e forma de tomar a cada mês, que eu marcasse a data de tomada rigorosamente, para não atrasar mais que um dia a próxima tomada.

Em vez do Resolor, me deu receita de Maleato de Trimebutina (28,85 Reais); em vez de Muvinlax (45 Reais com vinte sachês), que usei antes por meses sem resultado, me deu fórmula de manipulação de Polietilenoglicol de 90 sachês, que minha farmácia já pediu à de manipulação: 110 Reais.

O médico me explicou que em meu caso o Muvinlax não funciona. Este preparado de Polietilenoglicol é o que serve e funciona para mim.

Tomei hoje, dia 10 e abril, a primeira dose do Ibandronato. Pelo que li da bula vi que me ajudará bastante. Mas jamais poderá recuperar toda a massa óssea que perdi.

Nesta ida a São paulo, aproveitei para uma consulta com meu dentista. Levei o implante, contei-lhe a história.

Seu consultório está sempre atualizado, inclusive com o aparelho de raio X que você não precisa ficar segurando a chapa com o dedo, não precisa usar avental de chumbo, nem o dentista se esconder atrás de parede.

Na grande tela viu a imagem em diversos ângulos, identificou — e me mostrou -, uma massa escura no ponto de junção da cavidade com o maxilar.

A consulta, que deveria ser rápida, levou quase uma hora para ele, ajudado por sua ótima auxiliar, retirar a massa, limpar tudo com brocas, várias vezes com desinfetante, fechou com algodão (ou massa?), fez um canino em porcelana, e colocou um provisório. Marcou volta para o dia seguinte, sábado, às quatro da tarde, pois eu tinha marcado viagem de volta para cá no domingo, saindo do Terminal Tietê às 23:30.

Para colocar canino e incisivo, pediu à auxiliar, a ferramenta xy, ela lhe disse tinha acabado, ele pediu que anotasse para repor o estoque, usou a ferramenta existente, com que apertava os dois, retirava, mudava de posição, colocava e apertava de novo. Ficou firme.

Dois ou três dias depois de chegar em casa, eu comendo coisa macia, cai o conjunto.

Liguei para ele; me disse que foi por causa de ele não ter a ferramenta certa. Que pedisse a meu dentista que o colocasse com a ferramenta tal, me deu o número da coisa e os nomes e endereços que a forneciam.

Daí, cometi uma indignidade coroada por burrice: invés de ir ao dentista, que é pessoa séria e justa, me colocaria sem nada cobrar, ou cobrar por coisa que tivesse que acrescentar ou mudar, que agradeceria a informação do colega, fui me consultar com outro daqui, também com belas recomendações e credenciais.

Este sugeriu que, em ligar das duas próteses, seria melhor a mais firme, fazer uma só, com os dois dentes.

Concordei. Eu mesmo joguei dente e implante na lixeira.

Tive que voltar com urgência a São Paulo.

Aproveitei para ir novamente a meu dentista de lá, ele examinou o resultado, concordou que a solução adotada foi melhor.

A única diferença é que não pôde ficar com a porcelana tão lisa e brilhante como a dos dentes que joguei no lixo ou as dos implantes anteriores.

[1] https://medium.com/@blogflaviomusa/viajando-na-morfinese-455893342ef9

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Flavio Musa de Freitas Guimarães
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Written by Flavio Musa de Freitas Guimarães

Already watching the eighty-eight turn of the Earth in curtsy around its King, I’m an engineer that became a writer, happy, in perfect health, body and mind.

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