História crítica da Terra
e dos predadores que nela se desenvolveram
Primeira parte
Uma História da Terra completa e detalhada por etapas e depois por Eras Geológicas, veja https://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_da_evolu%C3%A7%C3%A3o_humana
Predar é preciso, é nosso dever, nossa sina
Mas apenas para vivermos; e extrapolamos[1].
[1] Em minha postagem “Às vezes um acontecimento quotidiano e…” — https://docs.google.com/document/d/1vg3J4pEhy_KSVMMbPgMVqKDmjsSZEGWZ/edit?usp=sharing&ouid=114540767088890527147&rtpof=true&sd=true, escrevi: Afinal, pra que tanta maldade e judiação? É este o objetivo do universo? Matar para não morrer pode ser necessário, eticamente correto, ao menos aceitável em casos duvidosos; matar mais que o necessário, matar sem necessidade, sem sentido, matar por prazer, é incompreensível. No entanto… assim me parece agir o universo.
Sou apaixonado por História, Física, Cosmologia, Medicina e Filosofia, li e leio muito livros, publicações que recebo de faculdades e institutos a que me afiliei, e que pesquiso pela Internet.
O enorme volume de obras, teses, artigos, programas, comentários, e programas especiais sobre a História da Terra e da Vida e seus mistérios, demonstram que interessam a todos, em busca da permanente pergunta sobre quem somos, de onde viemos, para onde vamos — creio que mais sobre para onde vai o Universo que para onde vamos depois da morte.
Um destes especiais é o ótimo da BBC: The History of Earth — How Our Planet Formed — Full Documentary HD [1]
No entanto, é longo e termina se resumindo ao que aconteceu e aos fósseis encontrados na América do Norte, deixando de lado acontecimentos importantes no resto do mundo, nada fala sobre fósseis e a chegada do Homo Sapiens Sapiens à América do Sul, contemporânea ou até anterior àquela.
[1] https://www.youtube.com/watch?v=pN7VQas4OgQ
Nascimento do Sistema Solar e da Terra
Segundo os mais recentes estudos, as estrelas e galáxias começaram a se formar a cerca de 550 milhões de anos depois do Big Bang, ou seja, a 13,2 bilhões de anos.
30 milhões de anos antes de nossa estrela nascer, ou seja, a 5,2 bilhões de anos, um colapso dentro da Via Láctea expulsou a matéria que viria e se contrair e formar nosso Sol; a formação de todo o sistema solar levou 100 milhões de anos, a partir de 4,9 bilhões de anos. Portanto, o início da formação da terra — usualmente considerado como de 4,9 bilhões de anos após o Big Bang — na realidade deve ter ocorrido logo depois (a Terra é o terceiro planeta do sistema solar), por preciosismo digamos que a 4,85 a 4,80 bilhões de anos, quando milhões de toneladas de poeira e detritos aquecidos a cerca de 12.000 °C espalhados pelo nascimento do Sol, por gravidade foram se juntando, adensando, mais se aquecendo.
Assim, em seu nascimento era uma massa de magma em ebulição, uma sopa em que havia alguns dos elementos químicos inertes, hidrogênio, hélio, berilo e lítio.
A atmosfera se consistia apenas de carbono, nitrogênio e vapor d’água.
Por volta de seus 370 milhões de anos de idade (4,540 bilhões de anos depois do Big Bang), temperatura externa resfriando quando a Terra já tinha diferenciado núcleo e um incipiente manto, um jovem planeta, denominado Theia ou Téa[1] (do tamanho de Marte hoje), deslocado de sua posição de equilíbrio em um dos “pontos de Lagrange”[2] por seu aumento de tamanho e massa, caiu a uma velocidade de 40 mil quilômetros por hora (vinte vezes a velocidade de uma bala de revólver) à Terra, em colisão de ângulo oblíquo.
O choque oblíquo fez com que a o bólido fundido aumentasse vertiginosamente sua velocidade de rotação; o entorno era uma atmosfera de rocha vaporizada a 4.000 °C, e cerca de 2 % da massa de Téa formou um disco de escombros, metade do qual se contraiu para formar a Lua, então a 22.000 quilômetros da Terra, em contraste com os cerca de 400.000 atuais. O restante se partiu em trilhões de pedras e poeira, que voltarão à Terra como meteoros.
O dia desta massa em ebulição era de apenas 5 horas[3].
A gravitação entre Terra e Lua foi reduzindo a velocidade de ambos os planetas, em consequência afastando-se gradativamente.
[1] A escolha do nome “Theia” tem origem na mitologia grega, uma vez que Theia ou Tea era a Titânide mãe da deusa da lua, Selene.
[2] https://pt.wikipedia.org/wiki/Hip%C3%B3tese_do_grande_impacto
[3] É possível, segundo várias simulações, que dois satélites foram formados a uma distância de 20 mil quilômetros da Terra. No entanto, a lua interna acabaria colidindo com o nosso planeta novamente ou colidindo com o outro mil anos após sua formação. Esta última hipótese explicaria a diferença entre a face visível da Lua e a oculta, propondo que a segunda lua tivesse um diâmetro aproximado de 1.200 quilômetros — maior do que o planeta anão Ceres — e que estaria em um dos Pontos de Lagrange[1] da órbita da Lua, em que permaneceria por milhões de anos até que sua órbita foi desestabilizada para acabar colidindo com a maior das luas no que é agora o lado oculto. Esta colisão teria ocorrido a uma velocidade relativamente baixa (2–3 km / s), de modo que o objeto impactante não teria formado uma cratera, mas, após o impacto, sua destruição teria coberto o outro lado da Lua.
1,5 bilhões de anos atrás em sua história (3 bilhões do nascimento) o tremendo calor do núcleo vai fragmentando a crosta maleável e frágil em placas tectônicas e as move pela superfície. Mais milhares de anos a temperatura na superfície é de mais de 80°C e a crosta se separa em placas que em mais 400 milhões de anos se juntarão formando o supercontinente Denominado Pangéia, banhada por um oceano único Pantalassa. Uma superfície desolada, parecendo a de Marte que conhecemos, onde a temperatura da superfície baixou para cerca de 30°C e o dia tem agora 18 horas.
Avançando no tempo, aos 750 milhões de anos atrás, a crosta se fragmentando ano a ano, o supercontinente se divide em dois dando origem a dois megacontinentes: Gondwana e Laurásia[1], separados pelo Mar de Tethys[2].
A intensa atividade fez brotarem vulcões por todo o continente; na atmosfera há CO², fumaça e gás por toda parte, além de metano e pouco oxigênio. O gás carbônico reagindo com a água formou ácido carbônico (H²O + CO² → H²CO³) e sobre o mundo caiu chuva ácida; as rochas absorvem o carbono sob a forma de ferritas, e não há CO² na superfície para bloquear o calor do Sol.
[1] Ver a animação mostrando a evolução dos continentes em https://www.youtube.com/watch?v=DuSWnmJ3BHY
[2] Há alguma confusão entre Pangéia e Gondwana: Em vários documentos e passagens se fala de Gondwana como se fosse um único continente; mas Gondwana é um megacontinente ao sul de Pangéia, enquanto quando dizem “o outro lado de Gondwana” deveriam dizer Laurásia.
E… Poucos milhares de anos e a superfície da Terra estava a -50°C!
As explicações para a queda vertiginosa da temperatura ainda são controvertidas, mas as provas são inequívocas: por volta de 650 milhões de ano, a Terra foi quase que totalmente coberta por uma espessa camada de gelo de 3 quilômetros de espessura; foram duas camadas, uma iniciada no polo norte e outra no polo sul, que se moveram uma em direção à outra e quase se encontraram no equador. Este longo período glaciação foi denominado “Planeta bola de neve”.
Este período durou entre 60 a 80 milhões de anos.
A superfície estava congelada, mas o núcleo continuava (e continua) ativo e em ebulição. Durante este período, o gelo empurrou a crosta para baixo; agora a crosta volta a subir, o que provoca mais pontos de ruptura, e mais e mais vulcões lançam bilhões de toneladas de CO² na atmosfera; a temperatura sobe mais e mais.
Enquanto o planeta estava congelado, os raios-ultravioleta do Sol produziram uma reação nas moléculas de água, transformando-as em peróxido de hidrogênio (H²O²) a mesma água oxigenada que compramos nas farmácias; o gelo vai se derretendo e a água oxigenada se decompõe e libera mais oxigênio para a atmosfera.
Agora, a 600 milhões de anos, a atmosfera está mais quente, como um dia de verão atual, e os dias duram 22 horas.
E a vida primitiva não estava morta!
Antes da Terra bola de neve, a última a vez que vimos vida primitiva foi nos mares; parece que sobreviveram e, com oxigênio em abundância, as bactérias evoluíram, e há plantas por todo lado nos oceanos, e algumas coisas mais… Organismos pluricelulares.
É o que se chama de Biota ediacarana.
A abundância de oxigênio permite então que as criaturas cresçam e desenvolvam esqueletos ósseos.
Surgem espécies com exoesqueletos
E o predador Anomalocaris (centro)
Os descendentes dos artrópodes evoluíram
Ao aperfeiçoarem seus mecanismos e táticas de ataque, sofisticaram seus meios de locomoção e detecção de presas; tanto se entusiasmaram que criaram monstros matadores de plantas e de monstros, monstros matadores de herbívoros e de carnívoros.
Uma libélula, por exemplo, cresceu e ampliou enormemente seu território de caça.
Os artrópodes, os primeiros a pisar e se desenvolver na terra seca, já existiam há milhões de anos, como alguns insetos atuais, mas então com enorme diferença: assim como a Meganeura, estas criaturas são monstros.
E se há vida há também morte; milhares de anos de vegetais e cadáveres de bichos se acumulam no fundo dos oceanos; a pressão das camadas de rocha que as cobrirão e o calor do núcleo irão produzir as jazidas de óleo e gás de que será feita a segunda maior transformação e sucesso do gênero humano no futuro ainda distante.
Dos artrópodes surgem em Gondwana os répteis, como os
Escudossauros,
Vegetarianos parentes das tartarugas de hoje,
e monstros assassinos como o
Gorgnoccídeo feriu mortalmente o Escudossauro
Mas este não chegou a comer a presa: de repente o solo começa a esquentar violentamente, lava flui não apenas de um único ponto ou vulcão, mas toda a crosta é imergida em lava de basalto.
Tudo morto!
No lado norte de Pangéia — na Laurásia — parece que nada acontece… eis que tudo está coberto de neve… Não! São cinzas das erupções acontecidas a 16 mil quilômetros de distância. Que queimam e destoem tudo que existia.
O dióxido de enxofre se combina com a água, transforma-se em ácido sulfúrico que queima o que ainda restar.
Estima-se que a Grande Extinção do Fim do Permiano tenha aniquilado 96% de todas as espécies marinhas. O 4 % da vida marinha vive próximo a fontes termais, em zonas onde a camada de gelo é mais fina, alimentando-se do que quer que encontre. O mesmo acontece com as pequenas criaturas multicelulares que, na terra, já viviam no subsolo ou tiveram a sorte de serem soterradas por rochas e terras empurradas pelas lavas.
Segue como:
Segunda parte — E a Vida recomeçou outra vez