A memória cabe no cérebro?

Uma provocação e desafio.

Flavio Musa de Freitas Guimarães
8 min readNov 23, 2022

É absolutamente impossível!
- Provocações e Desafios

Comecemos por aqui:

A maioria dos artigos e estudos sobre o cérebro afirma que ele contém 68 ou 100 bilhões de células nervosas (neurônios); porque “ou” e não “entre”, não sei. Um texto do Portal São Francisco (link), de que colei excertos ao final do anexo, afirma que “o cérebro humano possui entre 10.000.000.000 e 100.000.000.000 neurônios”. “Ligeira” variação, não é?

Se quiser ver mais detalhes sobre isto, clique em “Dados sobre neurônios e memória”.

Bem, para os fins a que se destina esta discussão, suponhamos que sejam mesmo 100 bilhões de neurônios e que sua rede de ramificações possa gerar até 100 trilhões de pontos (sinapses).

Em “Neurônios revelam complexidade da memória” e como é de se esperar, é muito lógico que os neurônios, suas associações e sinapses têm muita coisa fundamental para fazer, em primeiro lugar preservar a vida e todas as funções do corpo, movimentar, ver, cheirar, degustar, sentir pelo tato, sentir emoções… e, portanto,

“Embora as células nervosas que mudem de atividade durante o uso da memória sejam amplamente distribuídas no cérebro, neurônios individuais geralmente respondem a aspectos específicos da memória”.

Pior ainda agora, que cientistas descobriram (e provaram) que o cérebro envia mensagens para o corpo mesmo antes de qualquer ação ser executada! Vejam When Your Eyes Tell Your Hands What to Think: You’re Far Less in Control of Your Brain Than You Think.

Sejamos conservadores: suponhamos que 50 bilhões de neurônios e 75 trilhões de sinapses se ocupem direta ou indiretamente das diferentes classes de memória.

Se formos seguir os modelos de todos os links que aqui e no anexo são apresentados, um modelo reducionista eletroquímico tem necessariamente que associar cada sinapse a uma informação unitária, ou seja, a um bit; novamente em favor do conservadorismo, assumamos — ainda que seja fisicamente impossível –, que cada sinapse gere um byte. Dentro deste modelo reducionista “científico” de que a memória esteja contida no cérebro chegamos a uma impossibilidade matemática.

Uma imagem clara que guardamos seria representada por pixels. Cada pixel em três cores usa 16.777.216 bits, ou seja, ≈ 16,8x1⁰⁶ bits por canal. Vide, entre outras matérias semelhantes, o texto deste link. Uma imagem de alta definição exige ao menos 10 Megapixels, ou seja, 10(1⁰⁶)x16, 8 (1⁰⁶)=168x10ⁿ bits, n=36, portanto 168 seguido de 36 zeros! Isto para uma imagenzinha mequetrefe, já que o olho humano capta até 576 Megapixels ou mais.

E isto é só um cantinho ínfimo dos zilhões de coisas que temos na memória.

Quer isto dizer que a memória nada tem a ver com bits e bytes?

Não: no estágio atual do conhecimento é um consenso que, qualquer que seja a teoria subjacente, modelo padrão, mecânica quântica, fractais, cordas e supersimetria, a base última da representação dos fenômenos cognitivos e memoriais são bits de informação, férmions e bárions, fractais, saltos quânticos ou entrelaçamento quântico (quantum entanglement). Creio que outro quase-consenso é que a percepção resulta em — e de — saltos quânticos, mas o armazenamento de incalculáveis quantidades de informações pode ser talvez explicado pelo “entrelaçamento quântico” (entanglement) que seria uma forma de podermos usar “arquivos” extradimensionais.

Alguns cientistas, entre eles o notável e renomado matemático e físico Roger Penrose, creem que a Física atual não pode explicar a consciência psicológica, que tem seu lugar no universo quântico.

Fritjof Kapra, Carl Sagan, Robert Paster, e Michio Kaku são alguns de outros expoentes que vem trilhando e abrindo novos caminhos na busca da compreensão e conceituação da percepção fisiopsicológica da realidade pelos animais, em particular pelos humanos.

No entanto para mim a teoria que melhor explique o fenômeno da memória (mesmo que ainda hoje criticada por muitos cientistas, mas sem comprovação científica razoável de suas críticas) seja a de Mathi Pitkanen, utilizando a física TGD — Topological Geometrodynamics , brilhante e inteligivelmente explicada por Robert Paster em seu livro “New Physics and the Mind”.

O Professor Paster gentilmente me enviou o trecho em que trata desta teoria e me autorizou a incluí-lo neste texto. Você pode ler no original aqui.

Para continuar a entender a teoria de Pitkanen é preciso ter uma noção sobre os números p-adic que, como diz Dr. Paster:

“De várias formas não é surpresa que a estranha matemática dos números p-adic tenham aplicação em psicologia. Considere como sua mente vagueia de um pensamento a outro que você sente como semelhantes, mas ao mesmo tempo parece não terem relação. Serão estas memórias conectadas porque são p-adic próximas — porque têm detalhes similares, ainda que de dissimilares tamanho real ou objetivo? E serão as matemáticas p-adic não apenas matemáticas de nossos devaneios em vigília, mas de nossos sonhos também?…… Entender a p-adic matemática como a matemática dos pensamentos é o primeiro passo para entender TGD. O desenvolvimento da física TGD pressupõe a fusão do mundo físico real com o mundo p-adic da mente”.

Em seguida ele explica, por itens:

1. Espaço-tempo em multifolhas.

2. O salto quântico.

3. Extremais sem massa (Massless extremals).

4. TGD e bio-sistemas.

5. O cérebro e o processo do pensamento.

6. Memórias.

Aqui transcrevo o final do item 6 em versão livre:

“As representações sensoriais se processam em painéis sensoriais magnéticos, tendo tamanho muito maior que o corpo. São representações sensoriais magnetosféricas.”

A cosmologia da consciência tem uma estrutura assemelhada aos fractais, com sub-cosmologias que nada conhecem da existência ou não das outras a não ser como resultado de saltos quânticos envolvendo entrelaçamentos (entanglement) com folhas em espaço-tempos de mais altas dimensões.

A antecipação do futuro resulta de extremais sem massa (massless extremals) p-adicamente ligados a intenções, planos e expectativas. Isto permite simulações sobre o que pode acontecer no futuro (e teria ocorrido no passado) sem o salto quântico.

Em seguida a sua primeira mensagem, Dr. Paster me enviou um Adendo que colei ao final do primeiro texto “Excerpt from New Physics and the Mind — Prof. Robert Paster”, onde ele informa estar escrevendo mais um livro “Digital Mind Math: The Language of the Mind”, que aguardo com ansiedade. Por enquanto é interessante ver “Reality: Analog and Digital at the Same Time by Robert Paster”.

Sugiro fortemente que leiam o original (com o traduttore traditore) de que incluo uma minha “traição”.

— — — — — Mensagem encaminhada — — — — — De: Robert PasterData: 2012/09/28Assunto: Re: À la recherche de mon Livre Perdue …Para: Flavio Musa de Freitas Guimarães <flavio.musa@gmail.com>
Obrigado pela oportunidade de rever o seu projecto. Concordo com a inclusão de meu trecho, e também se desejar os seguintes pensamentos.Robert Paster Boston Robert Paster’s current project is the manuscript for Digital Mind Math: The Language of the Mind.……………………

“TGD modela a mente, usando dois conceitos centrais: o uso de matemática p-adic como a matemática da mente, juntamente com o segundo conceito central, a reconfiguração de espaço-tempo da TGD como 8-dimensional, especificamente o 8-espaço M4 + x CP2, da relatividade especial no espaço-tempo quadri-dimensional de Minkowski (medido em tempo e espaço a partir do Big Bang) cruzado ao CP2 espaço — dois círculos ortogonais, ortogonais, em 4-dimensões, o que significa que cada círculo está ligado a todos os círculos. Um evento é uma sequência ordenada de configurações em tempos estáticos 3-dimensionais, englobando e englobadas por padrões de uma miríade de outros eventos, cada evento existente tanto como um padrão real e um padrão de p-adic, o padrão real é a maneira concreta que normalmente pensamos de um evento, bem como a forma p-adic, rotulando as relações do que está encerrando o quê.

A matemática p-adic rotula diretamente as conexões entre os círculos ortogonais CP2. O espaço-tempo da mente usa a numeração espacial CP2 para rotular os espaços octodimensionais, permitindo a manipulação de pensamentos e o teste de hipóteses antes de agir, guiados pelo princípio de maximização da negentropia tendendo à maximização do conteúdo da informação. O projeto atual de Robert Paster é o manuscrito de “Matemática Digital da Mente: A Linguagem da Mente”.

Gostaria muito que meus colegas de Universidade e meus amigos cientistas se dessem ao trabalho de ler esta minha filosofada e, especialmente peço que me ajudem a entender alguns paradoxos — provavelmente idiotas — que a negentropia criou em meu bestunto.

1. Aparentemente células e seus componentes podem realizar transferências negentrópicas, ao menos nas de rápida duração (t<Ө no artigo acima: Negentropy) ou até quando t>Ө em certas condições, em arranjos coerentes e realizar a transferência de estoques de energia em sequências concatenadas. Ora, o corpo humano também — aparentemente — é o resultado de arranjo coerente das células em arranjos concatenados. Então como é que esse conjunto, o corpo humano, vem a ser uma das máquinas de menor rendimento energético?

2. No multiverso, contatos de rapidez próxima à da velocidade da luz devem ocorrer. Se isto for verdade todos os universos possíveis estariam condenados à entropia máxima (T ≈0K) juntamente com o nosso. Inversamente universos de maior densidade de energia poderiam negentropicamente reduzir a velocidade de expansão do nosso, “esticando” seu tempo de existência, e, claro, o de todos os multiversos.

É isto aí: meu schnauzer de 14 anos, o Totty, cheira. Cheira. Cheira sempre e sempre cheirou tudo que pode, em particular cheiros de xixi de cachorras e cachorros; cheiraria também os seus cocôs, mas eu não deixo, pois com sua bigodeira iria trazer fedor e bactérias para casa. Lamento ter causado algum trauma para o Totty por isso.

Ele foi e é condenado a cheirar.

Eu também sou condenado; condenado a pensar…. Daí, como diria o Barão de Itararé, “Penso, logo eis isto”, com as possíveis falhas de comunicação entre minhas antenas neurais e minhas quadri e octo dimensionais folhas memo-cognitivas , ou eventual salto quântico maior que minhas pernas.

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Flavio Musa de Freitas Guimarães

Already watching the eighty-eight turn of the Earth in curtsy around its King, I’m an engineer that became a writer, happy, in perfect health, body and mind.